…Você me pertence…

Meus lençóis de seda já não me davam conforto, parecendo cascalho contra a minha pele. Cada toque e virada provocavam dor.

A vela acesa ao lado da cama não acalmou minha mente. Eu me deitei de costas, fixando os olhos no teto para evitar as sombras que dançavam sob o brilho laranja da luz da vela.

Enquanto eu afundava no travesseiro, a sensação era de que ele acabaria me sufocando. Não encontrei alívio para os sussurros.

Eles estavam sempre presentes, como um ruído branco. Pelo menos até ele exigir minha atenção.

…Quero mais…

Gemidos de dor e agonia preencheram o cômodo. Cada canto do aposento se deslocava e se deformava de um jeito que eu só atribuía àquele fatídico dia na floresta.

O peso de tudo me paralisou.

A chama na ponta do pavio tremeluziu levemente à medida que se aproximava do fundo do suporte, onde a cera se acumulava. Várias garras e tentáculos escuros avançaram em direção à minha cama.

…Você nunca será livre…

Gritei quando a energia solar explodiu. O martelo estava quente em minhas mãos. Pulei da cama e bati a arma em brasa no assoalho, sentindo o calor se intensificar enquanto as chamas lambiam todas as superfícies que encontravam.

As sombras ainda dançavam, estendendo-se até mim.

Tentei afastá-las com o fogo. A madeira rachou e se fragmentou enquanto todo o resto desmoronava.

Meus gritos foram engolidos pela destruição da minha casa.