Capítulo 14

Apenas um sussurro, um apaziguamento sutil, uma voz contida: …Uldren, meu salvador…

Ele segue a voz. A violência do propulsor queima, fere seu corpo. Da corveta tombada ao asteroide tomado abaixo, onde Servidores alquebrados e os destroços de Ferrões marcam o local de uma batalha perdida: uma emboscada de Guardiões contra um grupo de Decaídos.

Os quimioreceptores do traje detectam traços de Éter. Ele o segue.

Lá está ele. Um Arconte Decaído, colapsado na poeira. O Éter escapa de feridas cauterizadas por chamas solares brutais: a marca da Arma Dourada. Uldren rosna de desgosto ao divisar pegadas de Guardiões. Eles devem ter fugido juntos com pressa, sem dúvida para saquear algum outro ponto onde Esquifes atracavam com grupos de mineradores.

Ele examina as feridas do Arconte. Mortais. Tremendo, a vítima se agita sob as mãos de Uldren. Ele gostaria muito de poder fazer algo, qualquer coisa, para apaziguar a partida do pobre soldado. Ter o poder que alguns dizem que sua irmã tinha, salvar com sua mera presença…

Esse é o desejo dele? Ele deseja salvar a pobre criatura?

Sim! Sim!

Lágrimas compassivas fazem seus olhos arderem enquanto ele trata os ferimentos do Arconte. Suas mãos são velozes e gentis; o choro advém do ódio profundo que sente pelos Guardiões que fizeram isso. Umedecendo as feridas do Arconte, seu pranto lentamente torna o Éter que escapa por entre os dedos de Uldren pesado, escuro, cada vez mais nóxio. Ele não percebe.

Por fim, ele se reclina para esfregar as vistas com as costas das mãos — vistas que ardem sempre, incessantemente. Sob o capacete sem identificação, quatro olhos mortiços se abrem perplexos. O Arconte grasna algo, fragmentos residuais de uma alucinação agonizante, clamando por quem ele gostaria que o recebesse após a morte: — Pai?