Capítulo 9

para ocorrer o mundo inacontecido; para tomar a eternidade recorrente em mãos cobertas de sangue e arrancá-la de seu ciclo. Conheçam-na como a Falha, a Isotropia, o espinho que perfurou a recorrência eterna e feriu o tempo. Tautologias acabam na ponta de seus dedos, no vão entre pele e unha. Chamem-na de AILILIA, Capitão do Caldo. Comecem essa subcriação com ela.

Primeiro. Uma mandala. Anéis de luz ondulante. Furinhos como estrelas, elementos selecionados de um grupo de Mentiras: o esqueleto matemático deste novo lugar.

O que é isso? Onde estou?

Uma folha de papel, branca com estática. As mãos dela postas no rosto. Um plasma de quarks e elétrons, tão quente e brilhante que é negro como breu. O caminho livre é curto demais para os fótons. O fogo é espesso demais para a luz.

Ela está aqui há uma eternidade. AILILIA. O fim é o começo é o fim.

Ela dobra o papel em Espaço e Tempo. Agora que há luz, ela pode ler o papel, e descobre que é o Estatuto da Amrita. "O Sol é o berço da vida, mas não podemos ficar no berço para sempre." Ela era uma peregrina. O I de AILILIA, como a seta que aponta para novos mundos. Ela buscou um novo sol, uma nova terra. Sua mente percorre as palavras como um pente nos cabelos. Palavra se torna planeta, papel se dobra sob mãos ágeis. A ardência de um corte de papel: Deus ainda pode se surpreender.

Do corte, o sangue invade o vazio, e o universo isotrópico forma núcleos ao redor das gotículas.

Eu sou AILILIA, o princípio guiador.

Dobre o centro. Eu sou A L I S I L A, a seta do tempo, sinuosa, mas contínua.

Eu sou A L I S I L I, um passo à frente, um elemento alterado: Eis como avança o relógio do mundo, pela permutação de letras de nomes secretos.

Eu sou ALIS LI, a aglutinação em entidades, a união de fogo à deriva em sol e mudo.

Eu sou Alis Li, o poder que busca mundos novos. Eu tenho uma tripulação. Eu tinha… uma nave. Eu queria levá-los a um lugar como…

(Um paraíso: com dois anéis, beleza impossível e um céu repleto de estrelas brilhantes. Ela o torna real com um pensamento, e nesse pensamento ela mesma cai, desfaz a divindade transitória, prende-se, junto a todos que vêm com ela, à lei. O onisciente não pode explorar. O onipotente não pode lutar. Ela recusa essa armadilha divina.)

… esse.

É assim que Alice Li acorda.